Wednesday, 11 February 2009

Torneiras Bipolares

Existe uma coisa que me faz sair da cama com maior rapidez: a visualização do meu banho matinal. Após proceder a este ritual, lá me arrasto para o chuveiro, ainda a saborear o chuveiro onírico dos lençóis da minha cama que teme em me prender. Abro a torneira de modo a posicionar-se na temperatura que eu quero e mal essa temperatura é atingida eu atiro-me de cabeça e corpo para o chuveiro, de modo a contemplar com cada célula da minha epiderme, a água e o calor que caem sobre mim.

De repente, a água fica gelada, fujo com o braço esquerdo, o braço direito quase fica roxo, num impulso, viro o manípulo para a posição de temperatura máxima, aproximo desta vez o braço esquerdo e este é surpreendido pela elevada temperatura. Nesta fase, tenho o braço direito roxo e hipotérmico e o braço esquerdo vermelho e às manchas com queimaduras de 3º grau.

Volto a tentar regular o manípulo para a temperatura ideal e mal é atingida...eu volto a imergir no banho com um sorriso estúpido na cara de prazer, enquanto o champô massaja as minhas ideias e cabelo. Já de nariz virado para o chuveiro, enquanto o sorriso estúpido de prazer continua preso à minha face, a água de repente vem a escaldar. Nariz às manchas, lábios inchados da temperatura excessiva, cabelo ainda com a espuma do champô. Mudo a posição do regulador de temperatura, a água de imediato fica como pedras de gelo a cair sobre os dedos dos pés, que ficam roxos e presos...

Saio da banheira, exausta e com um braço queimado, outro hipotérmico, os lábios inchados, o nariz vermelho e às manchas, os dedos dos pés inertes e roxos e o cabelo colado com os vestígios do champô.

Há que regular estas torneiras bipolares, senão não há quem queira acordar!!!

Wednesday, 4 February 2009

Ao ler o post A Ditadura da Ignorância e ao debater o assunto com o ressabiado autor, a minha memória trouxe à superfície uma das coisas que me irrita há bastante tempo. Só me dei conta desse facto quando li um livro chamado: Portugal, Hoje: O Medo de Existir de José Gil.

Esse livro abriu a minha cabeça para um facto: em Portugal não existe espaço para a opinião pública. Quando li isso, bem como a explicação dessa afirmação, dei comigo às turras com a cultura que me rodeava e em cada turra, encontrava mais um facto que evidenciava o que o José Gil menciona no seu livro.

Um dos exemplos mais mordazes é o programa Prós e Contras. Neste programa pode-se assistir a demonstrações de testosterona, ver fatos cinzentos com gravata, ouvir cães a fingir que ladram e uma jornalista demitida da sua função. No fim, vão todos para casa, mais relaxados, porque apareceram na televisão, graças à sua mestria em qualquer coisa, e porque, mais uma vez, não se chegou a conclusão nenhuma e fica tudo na mesma.

Debater por debater, tal como os galos debatem pela fêmea, mas ao menos estes têm um objectivo claro: conquistar a fêmea. No Prós e Contras, nem a esse nível chega, pois não há objectivo. Quem lá vai manda umas bocas para o ar com ar de doutor, não cria ondas, porque não gera nenhuma opinião (não vá ficar em maus lençois, não é o que se diz?) e o povo fica esclarecido com a desconversa. E assim permanecemos no lugar onde realmente queremos estar: na ignorância e no culto a ela!

O que nós queremos é exactamente isto e ainda me queixo...!

"Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

-Agora não, que é hora do almoço...
-Agora não, que é hora do jantar...
-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar..."

Tuesday, 3 February 2009

Ditadura da Ignorância

        Se há cena que me irrita é jornalismo desinformativo. Parece-me a mim que estes panascas destes jornalistas já se aperceberam que o lucrativo é manter o povo desinformado. Se esclarecerem tudo, não há mais para ler, portanto há que pôr as coisas bem claramente a contradizer-se para que as pessoas pensem que têm que ler mais sobre isto...no dia a seguir. E o que me diverte mais é ver depois as sondagens que fazem após a desinformação massiva. O que a generalidade delas quer dizer, na minha opinião, é que não há opinião. As pessoas não têm alternativa a fazerem juízos em premissas falsas e conclusões induzidas.

        Se alguém lhes diz que estão a ser irresponsáveis, põe logo o dedo na ferida e apelam à liberdade de expressão. Em primeiro lugar, acho que a liberdade de expressão foi criada para o cidadão e não para organismos que têm como dever informar o cidadão. Em segundo lugar, se querem exprimir, que exprimam alguma coisa...Que não se limitem a inventar estórias da carochinha ou teorias da conspiração só para vender jornais.

       Ainda por cima, e isto eu acho uma agravante muito significativa, o entretenimento substituiu a informação. Ao olhar para as notícias, está tudo mal....TUDO MAL! Não fazemos nada bem...A desgraça das pessoas, a morte de outras, corrupção, crise e , claro está, futebol. Certo é que nos dão o que mais vende....mas não haverá mesmo Mesmo MESMO (?!?!?) uma responsabilidade de alguém manter as pessoas informadas?

Não que eu queira saber tudo...mas quando quero é impossível filtrar.

Sem querer sem extremista, acho que esta ditadura de Ignorância deve ser combatida como qualquer ditadura, e partir das pessoas. Tem que haver revolta! Mais ressabiados! Mandar mails, fazer manifestações até, boicotes a jornais. Se não há para escrever, preencham com qualquer coisa, mas se há, que esteja tudo lá.

Acho que em Portugal, especificamente, temos um sério problema de não termos Pop Stars com relevância. Noutros países como os States ou o Reino Unido ao menos ainda promovem os escândalos das celebridades...Como cá não temos pop stars são políticos, advogados, dirigentes, bancários....venha o diabo e escolha.