Ao ler o post A Ditadura da Ignorância e ao debater o assunto com o ressabiado autor, a minha memória trouxe à superfície uma das coisas que me irrita há bastante tempo. Só me dei conta desse facto quando li um livro chamado: Portugal, Hoje: O Medo de Existir de José Gil.
Esse livro abriu a minha cabeça para um facto: em Portugal não existe espaço para a opinião pública. Quando li isso, bem como a explicação dessa afirmação, dei comigo às turras com a cultura que me rodeava e em cada turra, encontrava mais um facto que evidenciava o que o José Gil menciona no seu livro.
Um dos exemplos mais mordazes é o programa Prós e Contras. Neste programa pode-se assistir a demonstrações de testosterona, ver fatos cinzentos com gravata, ouvir cães a fingir que ladram e uma jornalista demitida da sua função. No fim, vão todos para casa, mais relaxados, porque apareceram na televisão, graças à sua mestria em qualquer coisa, e porque, mais uma vez, não se chegou a conclusão nenhuma e fica tudo na mesma.
Debater por debater, tal como os galos debatem pela fêmea, mas ao menos estes têm um objectivo claro: conquistar a fêmea. No Prós e Contras, nem a esse nível chega, pois não há objectivo. Quem lá vai manda umas bocas para o ar com ar de doutor, não cria ondas, porque não gera nenhuma opinião (não vá ficar em maus lençois, não é o que se diz?) e o povo fica esclarecido com a desconversa. E assim permanecemos no lugar onde realmente queremos estar: na ignorância e no culto a ela!
O que nós queremos é exactamente isto e ainda me queixo...!
"Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!
-Agora não, que é hora do almoço...
-Agora não, que é hora do jantar...
-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar..."
Wednesday, 4 February 2009
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